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RESENHA / LIVRO: EU SOU MALALA

  • chaclivros
  • 30 de mai. de 2017
  • 5 min de leitura

"Quando o Talibã tomou controle do vale do Swat, uma menina levantou a voz. Malala Yousafzai recusou-se a permanecer em silêncio e lutou pelo seu direito à educação. Mas em 9 de outubro de 2012, uma terça-feira, ela quase pagou o preço com a vida. Malala foi atingida na cabeça por um tiro à queima-roupa dentro do ônibus no qual voltava da escola. Poucos acreditaram que ela sobreviveria. Mas a recuperação milagrosa de Malala a levou em uma viagem extraordinária de um vale remoto no norte do Paquistão para as salas das Nações Unidas em Nova York. Aos dezesseis anos, ela se tornou um símbolo global de protesto pacífico e a candidata mais jovem da história a receber o Prêmio Nobel da Paz. Eu sou Malala é a história de uma família exilada pelo terrorismo global, da luta pelo direito à educação feminina e dos obstáculos à valorização da mulher em uma sociedade que valoriza filhos homens. O livro acompanha a infância da garota no Paquistão, os primeiros anos de vida escolar, as asperezas da vida numa região marcada pela desigualdade social, as belezas do deserto e as trevas da vida sob o Talibã. Escrito em parceria com a jornalista britânica Christina Lamb, este livro é uma janela para a singularidade poderosa de uma menina cheia de brio e talento, mas também para um universo religioso e cultural cheio de interdições e particularidades, muitas vezes incompreendido pelo Ocidente"


Resenha:

Em sua segunda edição, como esperado, Eu Sou Malala é carregado de lutas, emoções e conquistas, em que, através da narração da própria Malala, o leitor é guiado ao longo de sua trajetória pessoal até o ano de 2014, um ano após o primeiro lançamento do livro e dois anos depois de seu trágico ataque.

O livro se inicia com uma contextualização de quem é a Malala e o que a levou a ser como é. A influência de sua família é impressionante, em que ela conta a história de amor dos país e a luta pessoal da mãe que nunca teve a oportunidade de aprender a ler e escrever. Em seguida, Malala nos conta de sua proximidade com o pai, do qual podemos considerar como seu maior influenciador.

Apesar de residir em um vilarejo de classe média para baixo, é possível compreender que Malala e sua família viviam uma vida digna, feliz e até em certos momentos trivial. Junto ao seu pai, dono de uma escola particular, seus dois irmãos mais novos e sua mãe, Malala vivia, até certo ano, uma vida tranquila. Entretanto, conturbações políticas passam a fazer parte não apenas do dia a dia de seu país, mas também diretamente em sua vida.

Não há como negar que Malala nunca foi uma garota comum. São poucas as vezes que vemos, especialmente em uma idade tão nova, um interesse tão enorme não apenas em assuntos de educação geral, mas também toda a bagagem social que a educação carrega. Na obra, Malala conta como foi sua proximidade com a política, em que seu pai, que sempre foi um ativista de primeira, deixava a filha assistir as reuniões da comunidade desde muito cedo, despertando em si um interesse incomum e extremamente forte em relação ao assunto. Com o tempo, Malala deixou de apenas assistir aos debates e passou a proclamar discursos de compaixão e fervor em meio aos líderes do vilarejo.

A paixão de Malala não passou despercebido e, em seguida, o leitor é exposto a uma série de capítulos em que a menina passa a ser target do grupo Talibã. Em declarações oficias do grupo terrorista, tanto seu pai, como posteriormente a própria Malala, viram alvos de ameaças de morte, em que uma série de eventos relatados no livro descrevem em detalhes o desenrolar da história. Acredito que este é o momento mais intenso do livro, pois é descrito não apenas o medo generalizado da comunidade paquistanesa, mas a luta diária da família Yousafzai para se manter em segurança.

Como é de conhecimento público, infelizmente, apesar de todos os esforços de sua família, em 9 de outubro de 2012, uma terça-feira, Malala foi atingida na cabeça por um tiro à queima-roupa dentro do ônibus no qual voltava da escola. Malala descreve o ataque com o pouco que lembra e relatos de testemunhas que estavam no ônibus junto a ela. Em um momento quase que surreal ao leitor, é possível identificar como o processo todo entre ela ser atacada e o desenrolar pós-ataque foi feito de forma extremamente rápida, o que pode, em alguns momentos, até confundir o leitor com a quantidade de locações em que ela foi movida.

Mas, em linhas gerais, Malala é movida primeiramente a um hospital municipal, em que até aquele momento ela ainda não havia sido identificada. É importante compreender que Malala, ao longo de sua trajetória política, criou uma reputação quase que em escala global, em que sua morte teria um impacto imenso não apenas em seu contexto social, como defensora da educação para meninas ao redor do mundo, mas também a reputação governamental do Paquistão. Talvez foi por conta deste cenário (não fica muito bem explicitado) que, logo após ser entendido que a menina a ser atacada era de fato a Malala, ela foi imediatamente transferida para um hospital militar. Depois de inúmeras discussões, chegou-se ao acordo de que, para salvar sua vida, Malala teria de ser transferida para um hospital no exterior, precisamente no Reino Unido.

O que mais impacta ao longo dessa parte do livro talvez não seja apenas o fato dela ter sido atingida, mas o desespero da família Yousafzai, que em nenhum momento tiveram a oportunidade de dar qualquer uma opinião que seja em relação a como proceder em relação a filha. Não puderam acompanhar a filha para o Reino Unido e ficaram em muitos momentos completamente desligados de qualquer atualização que seja em relação a vida da Malala.

Outro fator que acaba mexendo profundamente com o leitor é a reação psicológica que a Malala passa a enfrentar. Além de todo o trauma físico do tiro, Malala relata o medo que sentiu ao acordar do outro lado do mundo, sozinha, sem conseguir falar uma palavra em inglês.

Claro que no fim, a história tem seu final feliz. Por conta dos perigos e as ameaças (que estão vivas até o hoje), Malala precisou se mudar permanentemente com sua família para a o Reino Unido, em que foi cedido a ela refugiou e proteção. Sua mãe passou a fazer aulas de inglês, criando aos poucos uma maior independência. Seus irmãos também se adaptaram rapidamente e o pai virou consultor em educação. No entanto, Malala ainda descreve a saudades que sente em relação ao seu vilarejo, suas amigas e seu país como um todo, jurando que ainda voltará um dia.


Minhas observações gerais:

A leitura é em geral um pouco mais difícil do que seu livro de romance e ficção. Não apenas considerando sua temática, o livro carrega inúmeras menções religiosas e termologias paquistanesas que podem acabar dificultando um pouco, nada muito absurdo, o processo de leitura. Entretanto, a forma em que a história é relatada é extremamente pessoal e senti uma proximidade enorme com a Malala, em que, apesar de a obra ter tido o apoio escrito de Christina Lamb, sua personalidade e a essência não foram perdidas. Acredito que a obra é quase que obrigatória, ainda mais entre meninas, pois além de despertar um senso de empoderamento e deslumbre, a obra transparece uma realidade dura, em que é preciso ser lido, compreendido e analisado.


Título original: I Am Malala

Editora: Companhia das Letras

Autor: Malala Yousafzai e Christina Lamb

Ano: 2013 Páginas: 360

Avaliação: 5 estrelas






Yasmin Marie




 
 
 

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