CRÔNICAS DE UM LEITOR...
- chaclivros
- 7 de jun. de 2017
- 4 min de leitura

Chegando com quadro novo aqui no blog! A ideia chegou naturalmente, em que fui percebendo o quanto gosto de não apenas escrever resenhas, mas também ser muito adepta a falar do lado mais psicológico da leitura. Uh? Como assim? HAHA
O que eu quero dizer é que, sempre quando estamos lendo, nossas emoções afloram, pensamos um milhão de coisas e até mesmo nosso corpo conversa com a gente. É algo natural, do qual muitas vezes nem percebemos. Pois bem. Resolvi começar a realmente prestar atenção nesses detalhes e, obviamente, relatar tudinho para vocês.
Tenho certeza que muita gente irá se identificar e quero também ouvir de vocês.
As “regras” são simples! Toda semana estou lendo alguma coisa, então vou relatar algum momento que eu achar mais legal de compartilhar com vocês. Tudo isso, em forma de crônica. Importante entender que a ideia não é tanto focar no livro em si, mas sim no leitor.
Antes de mais nada, acho legal dar uma contextualizada na minha semana.
Eu tenho uma relação muito complicada entre meus livros e minhas séries. Veja bem. Amo os dois. Igualmente. Não vivo sem um nem outro. Mas o dia tem apenas 24h e tenho uma luta séria entre dividir meu tempo disponível entre ler e assistir séries. Por isso, atualmente, estou com o seguinte mecanismo: sou usuária de carteirinha de transportes públicos e me leva – ida e volta – em torno de umas 2h30. Então reservo esse tempo para ler. Já a noite, em casa, antes de dormir, assisto séries. Dito isso, estamos então entendidos que eu leio em meio a mil pessoas, movimento e preguiça matinal haha
Crônica:
Avisto uma cadeira vazia que as 40 pessoas ali no ônibus por um estranho motivo não resolveram sentar. Vejo a oportunidade certa para ler. Tenho sérias dificuldades de ler em pé. Corro para a cadeira, sento e me encontro amontoada de mochila, guarda-chuva molhada e suor. Respiro.... Estou com as últimas palavras lidas do livro do dia anterior gritando no meu ouvido e não estou sabendo lidar com o guarda-chuva molhado. Onde enfiar esse negócio sem molhar tudo. Inclusive o livro. Desisto e simplesmente coloco no chão. Fecho os olhos. Bora ler! Caço o livro na mochila. Achei! Sorrio e o abro.
Fico na dúvida se eu deveria ou não ouvir música ao mesmo tempo. Por um lado, abafaria o barulho do ônibus, por outro, dependendo da música, abafaria a própria leitura. Dúvidas dúvidas dúvidas. Opto por colocar o álbum da Halsey bem baixinho, só de fundo mesmo, o que por um lado é meio proposital sem perceber haha, já que a personagem do livro da vez é basicamente a Halsey esquizofrênica.
OK. Vamos lá.... Com o dedo, começo a caçar o último parágrafo lido. Fico brevemente frustrada porque detesto parar no meio do capítulo.... Já li.... Já li.... Pronto. Começo a ler o parágrafo quando uma senhora senta ao meu lado. Por um estranho motivo seu cheiro me incomoda. Tento ignorar e volto a leitura. Esse livro está muito bom.... Tipo muito bom. Pena que estou levando uma vida e meia para acabar. Depois de algum tempo, a senhora com cheiro peculiar resolve trocar de lugar. Será que na verdade o cheiro está vindo de mim? Disfarçadamente cheiro embaixo do braço. Quem nunca? Não é possível.... Tomei banho e tenho a memória explicita de passar desodorante! Nada. Estou apenas cheirando a alguma flor da Victoria’s Secreat.
Volto ao livro. Lá vai o autor me deixando doida. Por que raios que ele optou por fazer isso? Certeza que ele não vai dar a resposta agora.... Continuou lendo. Há! Falei.... Agora vou ficar curiosa e com isso na cabeça.
Outra pessoa agora senta ao meu lado. Dessa vez é um homem. Ele tem cheiro de nada e fico feliz com isso. Halsey continua a contar.... Dessa vez algo relacionado a segredos.... A personagem desse livro está cheia de segredos. A leitura continua e percebo que, apesar de tudo, estava avançando bem o capítulo. Relutante e, na verdade, atendendo a um TOC pessoal, conto quantas páginas faltam para o final do capítulo. 10. Acredito que dará tempo. Ou não. Não sei. Não importa. Volto a página certa e avanço.
Não é possível.... Voltamos para o começo da história? Não. Não pode ser. Sinto minha cabeça latejando. Esse autor está realmente brincando com meus miolos e meu blusão GAP começa a incomodar. Tudo parece meio apertado a essa altura.
Não estou sabendo lidar com esse autor.... Me deixando doida da cabeça. Parece que quer que o leitor fique louco que nem o personagem. Aliás... pensando bem... será que não sou igual.
Um pensamento breve sobre o fato de eu também conversar comigo mesma, tipo, muito, me tira atenção e começo a contemplar quanto sou parecida com a personagem. Mas outro dia me falaram que conversar consigo mesmo é sinal de saúde mental... É... Não estou louca. É esse autor....
Os parágrafos vão passando e começo a sentir náuseas. Não sei se é por conta do que está acontecendo no livro ou o ônibus. Acredito que seja o ônibus. Respiro... fecho os olhos e concluo que deve ser mesmo o ônibus.
E, então, relutantemente, fecho o livro...
Yasmin Marie
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