RESENHA - OUTROS JEITOS DE USAR A BOCA

chaclivros
4 de ago. de 2017
2 min de leitura

Maior fenômeno de poesia dos EUA na última década, há mais de 40 semanas no topo das listas de best-sellers. “Outros jeitos de usar a boca” é um livro de poemas sobre a sobrevivência. Sobre a experiência de violência, o abuso, o amor, a perda e a feminilidade. O volume é dividido em quatro partes, e cada uma delas serve a um propósito diferente. Lida com um tipo diferente de dor. Cura uma mágoa diferente. Outros jeitos de usar a boca transporta o leitor por uma jornada pelos momentos mais amargos da vida e encontra uma maneira de tirar delicadeza deles. Publicado inicialmente de forma independente por Rupi Kaur, poeta, artista plástica e performer canadense nascida na Índia – e que também assina as ilustrações presentes neste volume –, o livro se tornou o maior fenômeno do gênero nos últimos anos nos Estados Unidos, com mais de 1 milhão de exemplares vendidos.

Resenha

Rupi Kaur, talento não chega nem perto da definição correta para essa mulher. “Outros jeitos de usar a boca” é uma leitura de em média uma hora, do qual o leitor embarca em uma viagem que, em meu caso, transforma 24 anos.

O livro é divido em quatro partes: dor, o amor, a ruptura e a cura.

O livro me lembro muito uma construção de fases de superação. Meio que os famosos “12 passos” de um alcoólatra. O leitor se transporta para um lugar tão humano, que fica difícil largar a leitura.

Por peculiaridades da vida, li o livro em um dia muito difícil pra mim. Estava em um momento tão escuro na vida, que por um momento cogitei não iniciar a leitura, por medo que fosse me deixar pior.

No entanto, o efeito foi o oposto. Sim, o livro aborda assunto pesados. Envolve estupro, abuso, solidão, etc. Entretanto, a forma em que a autora aborda os temas é tão real, tão crua, que o efeito surtido em mim foi que estava tudo bem estar mal... que estava tudo bem estar sentindo o que sentia. Porque isso me tornava humana. Acima de tudo, me tornava mulher.

Ah, e se esse comentário te deixou com a pulga atrás da orelha, sim. Esse livro é um manifesto espetacular do feminismo, da forma mais visceral e contagiante que alguém poderia imaginar.

Como citado acima, os temas que protagonizam a obra são assuntos bem mais sérios que um livro para passar o tempo. É um livro que recomendo que seja lido com calma e de corpo e alma.

Por serem poesias, é preciso manter o foco. Há poemas de apenas duas linhas ou menos, dos quais, se não lidos com atenção, passam muito despercebidos.

Em geral, o livro é tipo de obra que precisa ser lido. Preciso ser compartilhado. O tipo de livro que precisa ser divido com o mundo. Uma verdadeira obra-prima.