CRÔNICAS DE UM LEITOR

Faltavam poucas páginas para o livro acabar. Mais precisamente meia hora de leitura - segundo o aplicativo. Em meia hora eu teria de dar adeus. E eu não estava pronta.

Lágrimas escorriam livremente por meu rosto. Fazia tempo que dizer adeus doía tanto. Meia hora.

Fechei abruptamente o livro, me recusando a seguir em frente. Será que seria muito ridículo da minha parte apenas não terminar? Nunca terminar. Ficar ali, no limbo, com um fio ainda me prendendo ao personagens.

Comecei a me repreender por ter lido tão rápido. Eu deveria te enrolado mais. Mas como? Se os meus amigos corriam perigo. Se meus amigos estavam vivendo coisas que eu simplesmente não podia ignorar.

Amigos. Sim, eles haviam se tornados isso mesmo. E por mais que a ideia de que, na verdade, meus amigos nem existem, existem na minha cabeça. Estão ali. Meia hora.

E, pensando nesse discurso todo, como eu poderia não ver como os meus queridos amigos ficariam?! Se estariam bem. Como viver sem saber disso?

Abri com cuidado o livro, respirei, segui em frente e, terminei.

O que fazer com as mãos, o que fazer com as mãos, o que fazer com as mãos?

Vazio. Me restou um vazio. Lágrimas começaram a escorrer novamente. O namorado que estava presenciando tudo riu. O olho com olhos de fúria. E ele me diz: qualquer coisa, você lê de novo....

Yasmin Marie